SENTIMENTO DE IMPOTÊNCIA
De dentro do edifício onde eu estava pude observar uma jovem ainda nos seus 20 a caminhar de uma forma anormal o que me fez aproximar da janela e segui-la de longe. Vestida de umas calças piratas (acho que este é o nome para as calças um pouco abaixo do joelho) e coberta apenas pelo sutiã na parte superior, a mulher sentou-se no banco de uma paragem de autocarro, recostou-se toda e manteve a cabeça toda levantada enquanto se abanava com as mãos, como quem está com muito calor. Por acaso era uma tarde bem quente com a temperatura a rondar os 30 acima. Segundos depois levantou-se e começou a dar a volta agarrada ao poste de sinalização mesmo em frente do banco e seguiu o seu caminho.
Obviamente drogada e delirando, pensei eu com tristeza. Por breves instantes enquanto ela estava sentada pensei sair e perguntar se estava tudo bem mas não me atrevi.
De repente vi algumas pessoas correndo incluindo duas enfermeiras que trabalham num edifício, algo aconteceu. Quando saí vi que era a mesma jovem deitada no chão com a cara coberta de sangue segurada pelas enfermeiras, por uma senhora que parou o seu carro quando a viu cair e pelo condutor do autocarro que parou para socorrer a mulher. E eis que chega a ambulância para levar a jovem já desfalecida.
Entre muitos comentários que se geraram, um jovem disse que a viu de joelhos no chão como que procurando algo mas nunca imaginou que ela fosse cair, senão a agarrava antes. O sentimento de impotência era generalizado e eu não parava de pensar o que eu podia ter feito antes dela se magoar. Será que devia ter chamado a ambulância antes, devia ter falado com ela e saber se ela precisava de ajuda? Devia e podia ter feito mais? Vou seguir a via positiva e pensar que foi mais uma experiência ou mais uma lição da vida.
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